Não é de hoje a prática da vacinação em consultórios médicos é adotada, tanto pela praticidade para os pacientes como pelas vantagens que agregam ao médico prescritor que tem seu ganho pautado na convicção de estar imunizando seus pacientes. Bastante adotada por pediatras, esta vem se tornando uma prática crescente também entre ginecologistas, com a possibilidade de prevenção vacinal contra o HPV. Mas será que esta prática é realmente segura?
Sem levar em consideração o suporte na prestação de esclarecimentos referentes aos mais diferentes produtos existentes no mercado e suas características, os diferentes calendários vacinais existentes para cada faixa etária, ocupação e áreas de deslocamento, as técnicas de minimizar a dor na aplicação, o reconhecimento de reações vacinais desde as mais simples até as mais raras e graves, como as anafiláticas... enfim, sem me estender nesses tópicos, gostaria de abordar aqui apenas a questão técnica- estrutural dos diferentes serviços que se propõe a realizar vacinação.
Sim, porque sabemos que vacinas são produtos extremamente termo-sensíveis, ou seja, que qualquer variação fora da estreita faixa de temperatura em que devem ser mantidas alteram sua eficácia, podendo até mesmo acarretar na sua inativação. Desta forma é primordial o controle rigoroso da temperatura - a chamada rede de frio - destes produtos para garantir seu melhor resultado na produção adequada de anticorpos.
Agora pergunto: você já observou se nos consultórios existem câmaras de vacinas? Sim, parecem geladeiras comuns, mas são bastante mais complexas!! Essas câmaras mantém a temperatura de seu interior dentro de limites precisos, tem visor para que essa temperatura possa ser checada constantemente durante todo o período, disparam alarmes diante de qualquer corte de energia e chegam a ter capacidade de manter a temperatura por até 8 horas diante de um Black-out. UAU!! É claro que isso sem o abre-e-fecha para a retirada de inúmeras doses a serem aplicadas. Nesse caso, ou seja, mantendo a rotina das atividades de vacinação mesmo com eventuais “panes energéticas”, só a presença de um gerador automático consegue assegurar que a tal rede de frio seja mantida sem qualquer alteração. E tudo isso custa caro !
Então eu novamente pergunto: você realmente confia na vacinação realizada nos consultórios médicos em que as vacinas sâo guardadas em geladeiras comuns ou até frigobares?
Sabem, quando inauguramos a imunecare, eu tive a pachorra de fazer um teste – se desse certo, imaginem o quanto poderíamos economizar?! Coloquei um termômetro próprio para o controle da temperatura de vacinas, destes utilizados em campanhas de vacinação em empresas, dentro da geladeira da cozinha – uma geladeira ZERO, novinha em folha. Regulei-a de forma que em seu interior a temperatura registrada ficasse entre 2 e 8 graus celcius (a preconizada para a conservação da enorme maioria das vacinas). Depois disso, abri a geladeira simulando a retirada de um produto. Qual não foi minha surpresa quando o termômetro revelou que a temperatura não se mantinha estável sequer por 5 minutos!!!! Imaginem uma geladeira desta sendo aberta para a vacinação de dezenas de clientes??
Deu pra sacar? Considerando o fato já comprovado de que existe uma percentagem variável de falha vacinal – indivíduos que não fazem títulos adequados de anticorpos e portanto ainda estão susceptíveis à doença para a qual foram vacinados, a economia na rede de frio pode ter graves conseqüências – porque a pessoa acredita realmente estar imunizada!!! No meu ponto de vista, considerando o objetivo maior da prevenção na saúde, é até pior do que ter a consciência de estar susceptível...
Por isso, cuidado: antes de se vacinar sempre verifique a estrutura do local e a forma como seus produtos são acondicionados. Só desta forma você terá a certeza de estar recebendo uma boa vacina, com todas as suas propriedades e características preservadas para proporcionar a melhor resposta do seu sistema imunológico.
